Não é muito estimulante, nem prazeroso, ficar exercitando variações sobre um mesmo tema, ainda mais quando o tema é chato, monótono e repetitivo. A exclusão do Grêmio da Copa do Brasil e de Aécio Neves da Copa pelo Brasil, apenas confirmam o que já debatemos aqui, alguma vezes.
Respeito todas as opiniões e posições contrárias, mas a punição ao Grêmio era previsível e é justa. Quando o comportamento inadequado, violento, ofensivo, se repete com frequência e com origem conhecida e identificada, qualquer instituição séria, seja o Country Club ou o Clube de Pif-Paf do Bar do Zé, precisa agir antes que seja tarde. A instituição é, sim, responsável por orientar o comportamento de seus membros, fiscalizar e coibir os excessos. O Grêmio foi vítima de sua própria inércia, no mínimo, embora haja indícios de que colaborou ativamente, criando o monstro que agora o devora.
O Grêmio estava tão preocupado e distraído com suas politicagens internas, que não notou que os tempos mudaram. As pessoas que antes não reclamavam, porque não tinham amparo, hoje se sentem seguras e apoiadas para defender sua dignidade. O que antes eram "ofensas próprias de estádio" hoje são condutas criminosas. Também o frágil discurso de que ninguém foi punido antes pelo mesmo comportamento, não se aplica. O Grêmio foi o primeiro, nestes novos tempos, a se descuidar e deixar a bunda na janela. Daqui para a frente sim, se para os mesmos fatos a punição for diferente, cabe reclamação. Ao Grêmio cabe aproveitar o momento para higienizar, modernizar, trazer para os novos tempos, torcida, Conselho e administração.
O mesmo raciocínio vale para Aécio e o PSDB. Também não notaram os novos tempos. Apostaram na inércia, no discurso anticorrupção e na vaga lembrança do governo FHC. Não trouxeram propostas claras, objetivas, de uma alternativa ao que existe, mantendo ganhos e conquistas. O acaso, esse diabinho brincalhão, deu um jeito de embaralhar as coisas. O eleitor parece ter identificado em Marina uma possibilidade de correção de curso. Apesar do discurso do "Novo", o eleitor parece ver nela a continuidade, sem os males, e os malas, do PT. A mesma política, sem a corrupção, mantendo avanços e retornando para um caminho mais próximo das promessas do primeiro governo de Lula.
Simplificação, pensamento mágico, despolitização, falta de cultura política e cidadã? Veremos logo ali na frente, confirmando-se a vitória do PSB e Marina. De qualquer forma, não parece muito saudável, e equilibrado, o país ficar pendendo para um lado só. Se o PSDB aderir a Marina e não se reinventar, corre o risco de se tornar mais um partido satélite do governo de ocasião. Um partido periférico, como o PDT, o PMDB, e outros, se tornaram nos últimos anos. No reino animal é conhecido como comensalismo. A relação entre a rêmora e o tubarão, por exemplo.
Ao que tudo indica o Brasil parece estar optando por decidir entre o Marxismo pragmático-populista e o Socialismo messiânico-populista. O que isso significa, e no que resultará, é tão indecifrável como o real pensamento de Marina.
Enfim, como o pedestre distraído, Grêmio e Aécio foram atropelados pelo ônibus linha Realidade - Via Novos Tempos - Terminal Futuro.