domingo, 7 de maio de 2017

epa, opa, upa...


Reflexões ao acompanhar o noticiário. Lembranças do velho Boca do Inferno. Um pouco de Gregório de Matos, em tempo de bocas domesticadas e penas alugadas, faz bem.

Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa;
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa;
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa;
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.

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